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Letra de Forma

"A crítica deve ser parcial, política e apaixonada." Baudelaire

Letra de Forma

"A crítica deve ser parcial, política e apaixonada." Baudelaire

PortugALL SA, as colecções de Manuel Pinho - II

 

 

Era ainda o mais mediático dos intelectuais do regime, Eduardo Prado Coelho (who else?), que passado precisamente um ano, a 20-03-06, dava conta, extasiado, de uma nova iniciativa cultural-fotográfica do esclarecido ministro da Economia e Inovação, uma exposição organizada “no Palácio da Horta Seca, aonde, naturalmente, o Ministério da Economia e da Inovação regressou”.
 
No afã propagandístico, o êxtase era mesmo prévio à exposição propriamente dita - que aliás não era nenhum motivo para êxtases – uma vez que EPC era um dos autores dos textos do catálogo, tal como também, o outro expoente da culturocacia vigente, o conhecido oposicionista Vasco Graça Moura, que quando lhe acenam com uma prebenda logo aceita penhorado – e mesmo num caso deste pois que, imagine-se, a exposição, 1.2.3. de seu título, era uma “celebração, pelo Ministério da Economia e da Inovação, do primeiro aniversário da data de posse do XVII Governo Constitucional”
 
Demos então a palavra ao ilustre ministro da Economia, Photo e Inovação.
 
 
1.2.3
 
A celebração, pelo Ministério da Economia e da Inovação, do primeiro aniversário da data de posse do XVII Governo Constitucional tem lugar através de dois eventos.
 
O primeiro consiste num encontro com empresários no Porto, na Casa da Música, sobre o tema: "Porque investimos em Portugal". Os empresários são os grandes protagonistas do ciclo de investimento que está a despontar no nosso país. Há um ano atrás, não teria feito qualquer sentido organizar um encontro semelhante.
 
O segundo é uma exposição de fotografia e vídeo no Palácio da Horta Seca, aonde, naturalmente, o Ministério da Economia e da Inovação regressou.
 
O Plano Tecnológico é uma das principais ideias políticas que germinou no movimento Novas Fronteiras. Passou mais tarde para o programa do Governo, antes de se transformar na peça central de uma estratégia de crescimento para o País. Trata-se de uma ideia política que está associada a inovação, a qualificação, a modernidade e a globalização; à capacidade de traduzir ideias em acção.
 
Há 1, 2, 3 razões para tentar associar esta exposição de arte contemporânea ao Plano Tecnológico.
 
Primeiro, o facto de o acto de criação artística consistir, na essência, num acto de inovação.
 
Segundo, a modernidade da fotografia, a qual passou de disciplina autónoma a meio de expressão privilegiado das artes plásticas no final do século XX e no início do novo milénio.
 
Terceiro, a ideia de confrontar Candida Höfer, um dos ícones da arte contemporânea e uma das principais discípulas de Bernd e Hilla Becher, com alguns dos nossos mais notáveis criadores contemporâneos.
 
Trata-se de artistas consagrados, tal como Helena Almeida e Jorge Molder, e de jovens artistas com créditos já firmados, tal como Vasco Araújo e Cecília Costa. Neste conjunto, o género feminino ganha por um resultado de 3-2.
 
Deste confronto, fica a noção de que a criação artística portuguesa tem características próprias, mas que acompanha as grandes tendências a nível global. Sendo assim no campo da fotografia e do vídeo, o grande desafio que temos pela frente é trabalharmos em equipa para que o mesmo aconteça a todos os níveis da nossa sociedade. Incluindo, na esfera da Economia.
 
Agradeço a Helena Almeida, Vasco Araújo, Cecília Costa, Candida Höfer e Jorge Molder por terem aceite protagonizar esta iniciativa; à Galeria Filomena Soares, Galeria Baginsky e Galeria Mário Sequeira, pela sua colaboração. A Eduardo Prado Coelho, Rosina Gómez-Baeza, Alexandre Melo, Vasco Graça Moura, António Gomes de Pinho e Nicolau Santos por enriquecerem este projecto com as suas reflexões.
 
A Delfim Sardo, por ter aceite este desafio com talento e capacidade de realização.
 
Finalmente, a todos os que deram o melhor de si próprios com o seu entusiasmo e dedicação ao Ministério da Economia e da Inovação durante os últimos doze meses.
 
Manuel Pinho
Ministro da Economia e da Inovação
 
 
Assinale-se, a propósito, que o curador Delfim Sardo fora quem, meses antes, ainda director do Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém, dera azo à estreia nessas funções de curadoria, da exposição “Espelho Meu – Portugal visto pelos fotógrafos da Magnum”, de Alexandra Fonseca Pinho, esposa do ministro, e responsável pelo pelouro Photo do BES, enquanto o marido, um degrau acima, era (é) ele próprio ministro Photo.