Gosto e Ostentação
Em linha na ArteCapital está um texto sobre Gosto e Ostentação a propósito de Joana Vasconcelos - mas também dos horrores de Damien Hirst ou Jeff Koons - motivado em particular pelo tenebroso colar de bóias com que no Verão passado revestiu a Torre de Belém.
A Direcção de Marketimg da EDP SA teve este verão a desgraçada ideia de solicitar a alguns artistas obras para serem colocadas em, ou junto a, monumentos nacionais. O colar com que Joana Vasconcelos “decorou” a Torre de Belém – mas podia-se citar também a manta estendida na Ponte D. Luís no Porto – não exibia outro critério que não fosse a ostentação da luxúria do pechisbeque e da “marca”. O gosto torna-se o da banalidade mesmo que laboriosamente produzida. O que fazia o interesse dos seus trabalhos, sobretudo na escolha de materiais inusitados, materiais por assim dizer “comuns” e de “artefactos”, deu lugar ao folclorismo bacoco em que impera a construção da figura pública e de uma “embalagem artística”, e com essa a figura e “marca” do próprio artista
Joana Vasconcelos foi, é, um dos rostos, o único de um artista, da malfadadamente famosa campanha promocional de “Portugal – Europe’s West Coast” Nada de mas certo. Ela combina a possibilidade de difusão internacional com o “typical, very typical”. E mais: essa campanha do Ministério da Economia visa promover uma “marca Portugal” e “marca” é expressão que já entrou tanto nos discursos, no que inclusive toca à arte e cultura, que o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, já se viu mesmo forçado a negar ter falado em “marca (Fernando) Pessoa”. Por via dos gostos e acção o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, a cultura, ou mais exactamente a arte, passaram a ser entendidas também como referentes de “marca” e objecto de estratégia promocional – e forçoso é reconhecer que nenhum outro artista se afigura inscrevível em tal lógica como Joana Vasconcelos.