Uma nova ministra
A nomeação agora de Gabriela Canavilhas surgiu como totalmente inesperada, como figura pouco conhecida no meio, excepto na sua área da música, surpresa que se traduziu mesmo em considerações públicas mesquinhas.
Já tive oportunidade de escrever que um ministro da Cultura é um responsável político e não necessariamente alguém com provas dadas como programador cultural. Sem me desdizer agora, devida justiça tem que ser feita ao trabalho excepcional que Canavilhas realizou em 2003-2008 como presidente da direcção da Orquestra Metropolitana de Lisboa, demonstrando uma energia e combatividades que, essas, são condições necessárias a quem nesta situação chega ao ministério. Ela aliás demarcou-se imediatamente da extraordinária e catastrófica frase original do seu antecessor; “é possível fazer mais com menos dinheiro”, dizendo antes que é “impossível fazer mais com menos”.
Estou assim seguro de que Gabriela Canavilhas, sendo ainda “à priori” uma escolha sem peso político, aceitou o desafio com garantias do primeiro-ministro de reforço orçamental. Mas não menos devo dizer que a sua primeira escolha foi desastrosa: Elísio Summavielle, nomeado secretário de Estado, é um burocrata do aparelho cultural do PS
Há razões para uma expectativa ainda que reservada da política cultural de Gabriela Canavilhas, lembrando também que há declarações e escritos que obrigam o governo, o primeiro-ministro e a ministra, sem deixar aliás de fazer notar que, tanto mais no quadro de um governo minoritário, compete também às oposições, a todas as oposições, que em geral tão alheadas têm andado destas matérias, estarem atentas e avaliando o desempenho concreto.
Estes são extractos da ora também retomada coluna O Estado da Arte na Artecapital.