Café Müller de e com Pina Bausch - Lisboa, Teatro Municipal de São Luiz, 4, 5, 8 e 9 de Maio, "2008, Um Festival Festival Bausch", co-produção com o CCB
Don Carlos, Infante de Espanha de Schiller, encenação de Luís Miguel Cintra, pela Cornucópia - Abril/Maio, Teatro do Bairro Alto
Peer Gynt de Ibsen, encenação de Peter Zadek, pelo Berliner Ensemble - 12 e 13 de Julho no Festival de Almada
Impressing The Czar de William Forsythe, pelo Ballet Real da Flandres - 21 e 22 de Fevereiro no Centro Cultural de Belém
Trisha Brown Dance Company - 29 e 30 de Março, Auditório de Serralves
England, Uma Peça para Galerias de e com Tim Crouch (e Hannah Ringham) - 26 de Feverreiro a 1 de Março, Culturgest
NB - 1) Helás pour moi, não vi No Dice pelos Nature Theatre of Oklahoma no Alkantara.
NB - 2) Este é um sumário de escolhas ds espectáculos e das obras (algumas delas - Pina,Trisha - revistas, mas sempre marcantes), momento de recapitulação e gratidão, mas não é meu propósito limitar-me a listas, e por isso a estes espectáculos voltarei agora que as memórias críticas se organizam em "balanço do ano". Os três espectáculos coreográficos suscitarão mesmo um texto específico sobre as coordenadas das programações de dança que vêm vigorando.
Ainda que por motivos distintos, as saídas de Diogo Infante do Maria Matos e de Carlos Fragateiro do D. Maria deixam antever uma dança de cadeiras – e esperemos que algo mais que isso – nesses teatros, e não só.
Comecemos pelo Maria Matos: a nomeação de Mark Deputter é uma excelente notícia. Ao longo de anos de trabalho, nas Danças na Cidade e depois no Festival Alkântara, como assessor para dança de Miguel Lobo Antunes no CCB durante cinco anos, mais episodicamente como programador do Teatro Camões a convite da então directora da Companhia Nacional de Bailado, Ana Pereira Caldas, Mark Deputter deu mostras de uma rara integridade. Mas mais, a sua nomeação deixa antever um perfil específico para o Maria Matos, e é recomendável que os diferentes equipamentos públicos, e no caso os diversos teatros municipais de Lisboa, tenham características definidas e se articulem em vez de se sobreporem. A presumível indicação mais para a dança que o novo director certamente trará ao Maria Matos preenche uma lacuna e será, é de prever, um novo importante dado.
Resta então saber, e não é pequeno questão, quem o substituirá na direcção do Alkântara.
Outra questão, bem diferente, é que depois de ter começado a “arrumar a casa”, e de facto a liquidar a funesta herança do pior consulado cultural de que há memória, o de Pires de Lima – Vieira de Carvalho, José António Pinto Ribeiro não pode deixar de se ocupar desse híbrido monstruoso que é a OPART EPE – e, de resto, recordo que ele exprimiu reservas sobre a (des)adequação dessa já em meados de Março.
Esta próxima temporada do São Carlos, pelas razões que analisei em detalhe aqui, aqui e aqui, está por assim dizer “perdida”, mas é desde já necessário salvaguardar o futuro, na constatação inevitável de que Christoph Dammann não tem competência para o lugar. Mas mais: não só pelas razões abaixo invocadas, a começar pela flagrante violação do programa do governo, é necessário acabar com a OPART e repor de novo autonomamente o São Carlos como, para além do disparate anunciado em São Carlos, há que dizer – e fale-se nisso muito menos – que na CNB reina o desnorte.
É preciso pensar desde já para o pós-Dammann no São Carlos, e não tenho a menor das dúvidas que José António Pinto Ribeiro tem a noção de que o director que devia estar em funções em São Carlos é Paolo Pinamonti, director artístico entenda-se (continuo favorável, de resto como expresso no programa de governo e posto em prática agora para o D. Maria, à separação entre a presidência da administração e a direcção artística) como não é difícil perceber nas suas próprias declarações, no “Expresso” de 13-07, que ele já terá trocado impressões com o ex-director – de resto, tão perspicaz quanto despeitado, logo o substituído intendente-geral dos teatros Vieira de Carvalho, veio reagir em carta publicada na semana seguinte.
Correndo o risco de estar a fazer uma extrapolação, mas atendendo a todos os dados de que disponho, estou em crer que a perspectiva de um regresso de Pinamonti ao São Carlos pode também depender de um processo que continua por concluir, o do concurso público internacional para a direcção do Serviço de Música da Gulbenkian.
Ou, de como isto se calhar anda tudo ligado, quais caixinhas chinesas…