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Letra de Forma

"A crítica deve ser parcial, política e apaixonada." Baudelaire

Letra de Forma

"A crítica deve ser parcial, política e apaixonada." Baudelaire

Badiou: que totalitarismo?

 

 

 

 
A propósito do meu questionamento das posições de Alain Badiou e de Slavoj Zizek, recebi a seguinte contraposição de Carlos Vidal, crítico e artista plástico, e autor de Sombras Irredutíveis – Arte, Amor, Ciência e Política em Alain Badiou (Vendaval – singular e preciosa editora).
 
 
 
 
 
 
Caro Augusto
 
Vejo alguma incerteza ou mesmo inquietação neste teus últimos posts, em torno de Badiou e de Zizek,
e penso que essa inquietação se deve à forte crítica de ambos (apesar de Badiou ser, acho eu, um acaso mais sério) à democracia representativa que tu, de forma coerente, julgarás insuperável (?) (como Sartre achava o marxismo). No fundo o que eu temo em quem pensa a democracia como um modo de organização da vida colectiva que nos abre para várias hipóteses, positivas e negativas, em que a alternância existente nos exige lutas (pluripartidárias) por correcções não destrutivas do edifício global, o que mais me preocupa nesta aceitação passiva da democracia é a falsa escolha ou falsa alternativa que poderia assim ser sistematizada: ou democracia ou totalitarismo (versão simpática de quem não é por nós é contra nós).
 
Hegel ensinou-nos que há sempre um terceiro elemento. Badiou, sabedor dessa hipótese comporta-se como um sábio hegeliano. Não aceita alternativas binárias. No seu Logiques des Mondes propôs o seu terceiro elemento deste modo: diz-se na democracia que não há senão corpos e linguagens, ao que o filósofo acrescentou – “excepto que há verdades”. Quer dizer, dizer que não há senão corpos e linguagens (que Badiou chama a falsa alternativa do “materialismo democrático”), significa desmobilizarmo-nos perante a “evidência” de que vivemos numa biopolítica ou numa bio-sociedade, em que o corpo e a perecibilidade (ou o corpo optimizado para a produção de que falava Foucault) deve ser protegido como coisa frágil ao que se associa a linguagem e a protecção da livre expressão. Mas Badiou acrescenta que existem verdades ou, se quiseres “acontecimentos”. E chegamos à ultrapassagem de outra falsa alternativa: não há senão democracia e totalitarismo, excepto que há acontecimentos (verdades).
 
Vamos a uma parte polémica destas considerações, que eu acrescento, que é a de que a história, desde sempre confirma esta realidade do acontecimento. Ora o que é o acontecimento ? Em primeiro lugar ele diz-nos ( e todos concordamos com isso) que nada chegou ao fim nem chega (por isso Badiou cultiva o infinito que retira da matemática de Cantor, como coisa não teológica, mas autoconsistente e construtível). Se nada chegou ao fim tudo pode ainda ser inventado, quer dizer, não se trata de dizer como irá ser a alternativa de vida futura à democracia actual, mas sim que o acontecimento é inevitável (desde Spartacus que a política de emancipação se repete incessantemente). E a pergunta passa a ser: “o que é que construíste de novo ?”
 
O acontecimento tem três ou quatro premissas: em primeilo lugar, ele irrompe numa situação (que se supunha estável) de forma inédita, sem pré-aviso, sem data e imprevisivelmente. O seu carácter inédito afasta-o de ser entendido pelo conhecimento, que nunca o pode explicar nem pode explicar a razão de ser dessa súbita, inesperada e efémera irrupção de algo que não se sabe o que é, numa situação determinada (um país, uma cidade, uma relação entre duas pessoas, etc). As razões pelas quais ele não pode ser explicado estão no facto do seu ineditismo e num outro pormenor: o acontecimento é constituído por “pedaços” da situação (anterior), logo começa por ser indiscernível. Sendo indiscernível, o acontecimento não se pode confundir com o conceito vanguardista das “rupturas»” (que, aliás, Hal Foster muito desconsidera). Mas perante algo que se move, diremos: algo sucede, não sei o que é, mas a isso sou fiel. Portanto, é o sujeito quem decide da sua fidelidade ou não ao acontecimento que ele não entende, nem tem razão sólida para a ele aderir - trata-se aqui de um processo de liberdade de decisão que em muito ultrapassa a democracia formal, sem dúvida, na minha opinião. Aderindo ao acontecimento, o sujeito adere àquilo que não sabe como vai acabar, tem de se disponibilizar para o imprevisível. É como dizer “avançamos e depois logo se vê”, de novo uma liberdade que nos compensa mais que qualquer representatividade.
 
De resto, sobre a hipótese comunista diz Badiou no último polémico livro sobre Sarkozy: não conheço outra hipótese de emancipação que não a hipótese comunista. Quer dizer, eu também, ou melhor, nós também não - a não ser que queiramos discutir o conceito de emancipação.
Os acontecimentos de Badiou são conhecidos: Ésquilo, Schoenberg, Galileu, Mao, Lenine, S. Paulo, Maio 68, etc. E eu poderia acrescentar: o 25 de Abril e o PREC. O 25 de Abril é interessantíssimo. A decisão do sujeito do acontecimento - a população de Lisboa - foi a de que o golpe era não dos duros do regime, mas de derrube do mesmo. Isto sem garantias nenhumas até uma certa hora desse dia. Quem está por detrás desse golpe quer libertar ou radicalizar o regime? Na base de nada, a população escolheu e decidiu. O sujeito fiel do acontecimento não espera por explicações nem pelo conhecimento adquirido para decidir - a decisão livre é sempre feita na base de nada. E nenhum destes mecanismos que aqui descrevi são integráveis na democracia, atenção - a escolha verdadeira não deve ser feita entre a grupo-partido A ou B, a verdadeira escolha é a do sujeito do acontecimento, a liberdade só pode ser edificada sem interesses particulares e na base de nada.
 
 
Claro que Le Siècle é uma portentosa interpretação do século passado, mas não é o volume que expõe o pensamento, ou melhor, a raíz do pensamento antidemocrático de Badiou. Como sabes, temos de ir ao Être et Événement, I e II (com cerca de vinte anos (!) de permeio um do outro). Aliás, modestamente, acho-os dois dos livros do século XX. Hegeliano, sim, Badiou é-o no volume II citado (mas também maoísta e kierkegardiano). Muito sinteticamente, julgo que em Badiou o “sujeito” tem um papel tão fulcral que é ele mesmo que supera a dicotomia democracia-totalitarismo (ele tem a liberdade de ser injustificadamente “sujeito do acontecimento”).
 
 
Um abraço
 
Carlos Vidal
 
 
 

 

Zizek, Badiou e o pensamento anti-democrático

                                                       
Slajov Zizek (em cima) e Alain Badiou

 
 
 
 
O filósofo e psicanalista esloveno Slajov Zizek esteve agora em Lisboa em duas etapas: a apresentação do seu livro de reflexões cinematográficas Lacrimae Rerum (Ed. Orfeu Negro) e a participação num encontro de debate cultural organizado pelo eurodeputado do Bloco de Esquerda Miguel Portas sob a égide do Grupo da Esquerda Unitária/Esquerda Verde Nórdica, isto é o grupo comunista no Parlamento Europeu.
 
Zizek é certamente um dos importantes intelectuais contemporâneos; a Relógio d’Àgua tem vindo a traduzir diversos títulos seus, faltando ainda o mais importante, a súmula, The Parallax View (MIT, 2006). O que também não se pode escamotear é a evolução anti-democrática do seu pensamento, como aliás a nova nomeada de um raros maoístas persistentes, Alain Badiou – e por importante que seja uma obra como Le siècle, não se pode tão escamotear o reiterado ódio de Badiou  à democracia representativa. Nisso, aliás, a sua persistência marxista-leninista-maoísta é de todo diferente da evolução de outros antigos membros do grupo marxista-estruturalista reunido em volta de Louis Althusser, como Etienne Balibar ou, o mais fecundo de todos, em termos quer de pensamento político quer estético, Jacques Rancière, do qual em português aliás está publicado, e passou demasiado despercebido, um livro justamente de título O Ódio à Democracia (Mareantes Editora, 2006).
 
Para mais cabal esclarecimento do que as idolatrias intelectuais se arriscam a sonegar aqui ficam pois registados alguns textos do “Libération” e do “Le Monde”.
 
 
And if you don’t speak french but just read the digests of “french theory”, well, it’s your problem, tant pis pour vous…
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alain Badiou, Slavoj Žižek… Des philosophes mettent en cause la démocratie électorale. Critique salutaire ou retour des vieux démons?
Eric Aeschimann
QUOTIDIEN : samedi 16 février 2008
Malaise dans la démocratie, brouillard sur les urnes. Est-ce l’effet retard d’une succession de scrutins aux résultats déroutants pour la gauche ? Un mouvement d’humeur face à la démocratie libérale triomphante ? La nouvelle lubie de quelques philosophes ? Ou une crise plus profonde ? Le fait est là : la démocratie, en tout cas dans sa forme électorale, est mal en point et les intellectuels viennent à son chevet. Certains pour se demander ce que signifie cet accès de fièvre. D’autres, plus radicaux, pour affirmer que, dans un monde plus complexe et plus inégalitaire que jamais, le système représentatif ne permet plus au plus grand nombre de participer à la prise de décision collective et qu’il faut désormais s’interroger sur ses fondements même.
 
 
 
                                                                                                                                                                       Punir les élus. Le constat, d’abord. Il traverse les clivages politiques. Venus de la gauche antitotalitaire, des historiens des idées tirent la sonnette d’alarme. «La démocratie d’élection s’est incontestablement érodée», écrivait Pierre Rosanvallon fin 2006 dans La Contre-Démocratie. Proche de la deuxième gauche, il y décrivait les diverses formes de la «défiance» démocratique, de la «démocratie négative» : abstention, manifestations, volonté de surveiller et de punir les élus. Dans l’introduction du premier tome de L’Avènement de la démocratie, paru à l’automne, son collègue Marcel Gauchet préfère parler d’«un e anémie galopante», une «perte d’effectivité» qu’il attribue à une «crise de croissance» de grande ampleur. L’ironie veut que ces analyses se développent au moment même où, pratiquement à l’opposé de l’échiquier intellectuel, la critique de la «démocratie formelle», aussi vieille que le marxisme, connaît une deuxième jeunesse.
                                                                                                                                                                         En témoigne le succès inattendu du petit essai du philosophe, Alain Badiou, De quoi Sarkozy est-il le nom ? , véritable charge contre la loi des urnes. «Tout le monde voit que la démocratie électorale n’est pas un espace de choix réel», écrit-il. Face à la «corruption» des démocraties par les puissances de l’argent, l’heure serait venue de définir «une nouvelle pratique ce qui fut nommé "dictature" (du prolétariat). Ou encore, c’est la même chose : un nouvel usage du mot "Vertu".»
 
 
 
                                                                                                                                                                      Plusieurs voix se sont élevées - celles de Bernard-Henri Lévy ou du critique littéraire Pierre Assouline - pour dénoncer le retour d’une rhétorique associée au communisme stalinien. Michel Taubman, directeur de la revue Le Meilleur des Mondes, guère suspect de complaisance envers la pensée gauchiste, affiche, lui, une certaine placidité : «Il y a trente ans, en France, 20 % de la population dénonçait la démocratie bourgeoise et croyait à la dictature du prolétariat. On vivait avec. En réalité, ces intellectuels radicaux ne représentent rien, car, aujourd’hui, même Besancenot [o carteiro líder da L.C.R. trotzkista] défend la démocratie électorale.» Pourtant, que la discussion prenne en France une tournure si véhémente n’est pas un hasard. «Les Français sont, au plan européen, les plus pessimistes sur leur démocratie et leurs représentants», note Stéphane Rozès, directeur de l’institut CSA. La crise, diagnostique-t-il, est «spirituelle» et sanctionne le discours d’impuissance tenu par les responsables politiques face à la mondialisation.
 
                                                                                                                                         
 
 «Impuissance». Abstention à la présidentielle de 2002, victoire du non au traité constitutionnel européen, coups de cœur aussi brusques qu’éphémères pour Ségolène Royal puis François Bayrou, participation massive pour le sacre de Nicolas Sarkozy, scrutins locaux transformés en défouloirs, la boussole s’affole. Ni les frasques sarkoziennes ni la ratification du mini traité européen ne devraient contribuer à restaurer la confiance dans les vertus du bulletin de vote. De quoi conforter Badiou, pas fâché de constater dans son livre : «L’impuissance était effective, elle est maintenant averée".
 
 
                                                                                                                                                                            «Les Français ne reprochent pas aux politiques leur manque de proximité, mais leur irresponsabilisation», reprend Rozès, ajoutant que les Français y sont d’autant plus sensibles que leur vivre-ensemble n’est pas fondé sur la religion ou l’ethnie, mais sur le partage d’idéaux politiques. Reste à se mettre d’accord sur les causes de l’impuissance démocratique. C’est tout l’enjeu de la réflexion qui s’engage. Pour Marcel Gauchet, l’avènement d’une conception hypertrophiée des droits de l’homme a fini par priver la collectivité de tout moyen d’action. Patrick Braouzec, député communiste de Saint-Denis, pense au contraire que «à côté des élections, auxquelles les gens sont très attachées, mais qui constituent un moment spécifique, la démocratie ne peut que s’atrophier si elle ne s’appuie pas également sur une démocratie participative et sur le mouvement social». Un «mouvement social» aux contours flous - manifestations de rue, soutiens aux enfants sans-papiers, opérations médiatiques des Enfants de Don Quichotte… - et qui, poussé à l’extrême, rappelle le titre d’un livre du philosophe John Holloway, en vogue chez les altermondialistes : Comment changer le monde sans prendre le pouvoir. Faire de la politique, d’accord, mais hors les urnes.
                                                                                                                                                                           Le philosophe slovène Slavoj Zizek, star des campus américains et habitué des blagues provocatrices, va encore plus loin en estimant que seule «la violence populaire» permettra aux classes défavorisées de se faire entendre dans des démocraties libérales. Žižek publie ce mois-ci en France un recueil des «plus beaux discours de Robespierre», précédé d’une longue introduction où il se demande comment «réinventer une terreur émancipatrice». Icône de la pop-philosophie, connu d’abord pour ses analyses du cinéma hollywoodien, l’homme est pourtant le contraire d’un nostalgique. Il a combattu en son temps le «socialisme réel» dans la Yougoslavie titiste et participé aux premiers pas de la démocratie slovène. Sa radicalisation semble montrer que le désenchantement démocratique ne saurait se réduire à une exception française.
                                                                                                                                                                    «Arrogance occidentale». C’est que, un peu partout sur la planète, les processus de démocratisation connaissent des ratés, d’ordres divers, qui mettent à mal la «promotion de la démocratie», pour reprendre le vocabulaire en usage à l’ONU depuis les années 90 : l’Irak et l’Afghanistan, mais aussi la Russie reprise en main par Poutine, l’Algérie ou la Palestine où les islamistes se sont vus confisquer leurs victoires gagnées par les urnes. Ou encore, la montée des populismes en Pologne, au Danemark, en Belgique. Voire une Amérique qui, pour imposer la démocratie, n’a pas hésité à transgresser les principes élémentaires du droit. De quoi nourrir pour un bon moment le débat. Car, qu’on le veuille ou non, celui-ci est ouvert. Dans le numéro de janvier de la revue Esprit, Pierre Rosanvallon pointait «une certaine arrogance occidentale et un certain aveuglement sur la nature et les problèmes de la démocratie.»
 
 
«Nous allons devoir redevenir utopiques»
Slavoj Žižek plaide pour une mobilisation populaire :
Recueilli par ÉRIC AESCHIMANN (à Ljubljana)
QUOTIDIEN : samedi 16 février
                                                                                                                                                                  Slavoj Žižek est philosophe. Il publie et préface deux anthologies «rouges» : Robespierre : entre vertu et terreur, (éd. Stock) et Au bord de la révolution. Lénine commenté par Žižek (éd.  Aden) .                                                                                                                                                                                                                                                                                        Quelle critique faites-vous à la démocratie ?
Peut-être la même que les conservateurs… Les conservateurs ont le courage d’admettre que la démocratie est dans une impasse. On s’est beaucoup moqué de Francis Fukuyama lorsqu’il a annoncé la fin de l’histoire, mais aujourd’hui, tout le monde accepte l’idée que le cadre démocratico-libéral est là pour toujours.
On se contente de réclamer un capitalisme à visage humain, comme on parlait hier d’un communisme à visage humain. Regardez la science-fiction : visiblement, il est plus facile d’imaginer la fin du monde que la fin du capitalisme.
                                                                                                                                                           
Le capitalisme, c’est la cible, derrière la critique de la démocratie ?
Soyons clair : l’Europe de l’après-guerre a connu un niveau moyen de bonheur jamais vu. Mais quatre problèmes majeurs viennent déséquilibrer le modèle démocratico-libéral.
1) Les «sans-part», les sans-papiers, sans-abri, sans-emploi, ceux qui ne participent pas à la vie de la communauté, dont l’Etat ne s’occupe plus.
2) La propriété intellectuelle, que le marché ne parvient plus à réguler, comme le montre le destin délirant de Bill Gates, fondateur de Microsoft.
3) L’environnement, dont la régulation peut assurer le marché lorsque la pollution est mesurable, mais pas quand le risque devient incalculable - Tchernobyl, les tempêtes…
4) La biogénétique : est-ce au marché de dire où commence l’humain ?
Dans ces quatre domaines, ni la démocratie libérale, ni le capitalisme global n’apportent les bonnes réponses.
                                                                                                                                                                   
Quelle alternative ?
Je ne suis pas crétin, je ne rêve pas à un nouveau parti communiste. Ma position est plus tragique. Comme tout marxiste, j’admire la productivité incroyable du capitalisme et je ne sous-estime pas l’utilité des droits de l’homme. L’arrestation de Pinochet a joué un rôle psychologique très important au Chili. Mais regardez le vénézuélien Chávez. On dit qu’il est populiste, démagogique, qu’il ne fait rien pour l’économie, que cela va mal finir. C’est peut-être vrai… Mais il est le seul à avoir inclu les pauvres des favelas dans un processus politique. Voilà pourquoi je le soutiens. Quand on critique sa tentation dictatoriale, on fait comme si, avant lui, il y avait une démocratie équilibrée. Or, c’est lui, et lui seul, qui a été le vecteur de la mobilisation populaire. Pour défendre ça, je pense qu’il a le droit d’utiliser l’appareil d’Etat - appelez cela la Terreur, si vous voulez. 
                                                                                                                                                                    Pour les penseurs libéraux, capitalisme et démocratie restent inséparables.
On l’a beaucoup dit, mais en Chine est en train de naître un capitalisme autoritaire. Modèle américain ou modèle chinois : je ne veux pas vivre dans ce choix. C’est pourquoi nous allons devoir redevenir utopiques. Le réchauffement climatique va nous amener à réhabiliter les grandes décisions collectives, celles dont les penseurs antitotalitaires disent qu’elles mènent forcément au goulag. Walter Lippmann a montré qu’en temps normal, la condition de la démocratie, c’est que la population ait confiance dans une élite qui décide. Le peuple est comme un roi : il signe passivement, sans regarder. Or, en temps de crise, cette confiance s’évapore. Ma thèse est de dire : il y a des situations où la démocratie ne fonctionne pas, où elle perd sa substance, où il faut réinventer des modalités de mobilisation populaire.
                                                                                                                             D’où votre éloge de Robespierre.
La Terreur ne se résume pas à Robespierre. Il y avait alors une agitation populaire, incarnée par des figures encore plus radicales, comme Babœuf ou Hébert. Il faut rappeler qu’on a coupé plus de têtes après la mort de Robespierre qu’avant - mais lui avait coupé des têtes de riches… En fait, il est resté très légaliste. La preuve, il a été arrêté. Ce qui m’intéresse chez lui, c’est ce que Walter Benjamin appelle «la violence divine», celle qui accompagne les explosions populaires. Je n’aime pas la violence physique, j’en ai peur, mais je ne suis pas prêt à renoncer à cette tradition de la violence populaire. Cela ne veut pas toujours dire violence sur les personnes. Gandhi, par exemple, ne s’est pas contenté d’organiser des manifestations, il a lancé le boycott, établi un rapport de force. Défendre les exclus, protéger l’environnement passera par de nouvelles formes de pression, de violence. Faire peur au capitalisme, non pour tuer, mais pour changer quelque chose. Car sinon, on risque d’aller vers une violence plus grande, une violence fondamentaliste, un nouvel autoritarisme.
                                                                                                                               Dans la perspective d’une «violence populaire», un intellectuel sert-il à quelque chose ?
A en prévenir les formes catastrophiques. A faire voir les choses autrement. Deleuze disait que s’il y a de fausses réponses, il y a aussi les fausses questions. Un conseil de philosophes ne peut pas établir un projet pour mobiliser les masses. Mais on peut jeter les idées et peut-être quelque chose sera récupéré. Les émeutes des banlieues en France sont nées d’un mécontentement non-articulé à une pensée, même de façon utopique. C’est ça, la tragédie.
                                                                                                                                Vos amis à gauche pensent-ils comme vous ?
Ce qui domine, surtout aux Etats-Unis, c’est un gauchisme libéral, tolérant, pour lequel la moindre allusion à la notion de vérité est déjà totalitaire, où il faut respecter l’histoire de chacun. Pour le philosophe Richard Rorty, ce qui définit l’homme, c’est sa souffrance et sa capacité de la raconter. Je trouve assez triste cette gauche de ressentiment et d’impuissance.
 
 
Editorial
Egarement
laurent joffrin
QUOTIDIEN : samedi 16 février 2008
                                                                                                                                                                               Au cœur des petits cénacles se préparent souvent les grandes polémiques. Dans plusieurs cercles intellectuels, la démocratie se retrouve bizarrement au banc des accusés : il faut s’en soucier, sinon s’en alarmer.
                                                                                                                                                                   Certes ses nouveaux contempteurs, un Badiou, par exemple, dont le livre rencontre un succès inattendu, ou un Žižek, ogre mangeur d’humanistes bêlants, remuent de très vieilles idées. De l’expérience totalitaire, ils ont beaucoup oublié et fort peu appris. Leur critique de la «démocratie formelle» exhale un parfum rance de sacristie marxiste. Leur éloge de la radicalité laisse transparaître une douteuse indulgence pour la violence politique. Pourtant on aurait tort de tenir ces égarements pour quantité négligeable. Pas seulement parce que le frisson de la subversion leur assure une influence parisienne indéniable. Les plus convaincus soutiens du système démocratique ne peuvent pas nier que le régime de leur cœur rencontre un discrédit inquiétant quoique diffus. L’inégalité, l’injustice, qui servent décidément de carburant au mouvement de l’époque, alliées à la vacuité marchande, bouchent l’avenir aux yeux d’une part croissante de la population. La démocratie, qui procure souvent prospérité (relative) et paix civile, est chiche d’espoir et d’enthousiasme. Autant que se gendarmer devant les importuns, les démocrates doivent surtout réinventer l’idée même de progrès. Faute de quoi ils laisseront de plus en plus le champ libre aux nostalgiques des utopies de fer et de sang.
 
 
 
 
«La seconde jeunesse d'Alain Badiou, nouvel héraut de l'anti-sarkozysme
LE MONDE | 11.01.08 | 14h16  •  Mis à jour le 11.01.08 | 14h16

Voilà un succès qui en dit long sur un certain désarroi à gauche. Le livre pamphlet d'Alain Badiou De quoi Sarkozy est-il le nom ? (Lignes, 14 euros) fait un tabac deux mois après sa sortie. Et réassure une petite notoriété à un philosophe plutôt aride dont les présupposés politiques restent - de manière assumée - très empreints d'un marxisme léninisme puisant aux sources les orthodoxes ("mao- stal", aurait on dit les années 1970).
                                                                                                                                  Ses plus de 17 000 exemplaires vendus - inespéré pour un auteur dont les ouvrages plus austères ne dépassent pas les 3 000 - un retirage en urgence par la petite maison d'édition, un nombre de recensions encore jamais atteint... : "On savait que ce livre allait se vendre mais pas à ce point", confie Sébastien Raimondi, responsable d'édition.
C'est par le bouche-à-oreille au sein d'un lectorat très critique à l'encontre de Nicolas Sarkozy que le livre fut conseillé. Des lecteurs "déprimés", comme les décrit Alain Badiou dans son ouvrage. Tellement assommés par ce "coup sur la tête" qu'ils cherchaient des mots que le philosophe a su trouver pour nommer leur mal-être. Parlant de M. Sarkozy comme de "l'homme aux rats", expression d'un "pétainisme soft" face à une gauche impuissante, il propose à ses lecteurs une "nouvelle morale" pour n'"être ni rat ni déprimé", un nouveau "courage".
                                                                                                                                  Sur le Net, des sites militants comme Non-a-lintox.org, Paper.blog, Bellaciao ou Rezo.net ont vite chroniqué le petit ouvrage. Il a aussi gagné les sites locaux Désirs d'avenir, de Ségolène Royal, ou Nonfiction.fr, de l'écrivain Frédéric Martel. Patrick Besson lui a consacré un éditorial dans Le Point, Le Parisien une pleine page, et le voilà convié par les radios telles BFM ou France Inter. Répondant à "toutes" les invitations - "sauf la télé parce que les débats sont tronqués", dit-il -, M. Badiou sillonne, à 70 ans, les librairies et les cercles militants.
                                                                                                                                  Pourquoi un tel engouement ? "C'est un livre accessible qui reprend une interrogation partagée", explique son éditeur. L'auteur, s'en amuse : "Je suis frappé par la violente hostilité dont Sarkozy est l'objet de la part de gens que je rencontre : des intellos, des ouvriers, des profs. C'est le début d'une minorité très constituée", professe M. Badiou. Une minorité dont rêve le disciple de Mao même si elle n'est pas encore "agissante".
 
Sylvia Zappi
Article paru dans l'édition du 12.01.08