Cinema para 2008
Entenda-se este elenco como um horizonte de expectativas, aliás substancialmente só para a primeira metade do ano. São filmes, retrospectivas e programas que aguardo com especial interesse, pela oportunidade de conhecer ou rever, nalguns casos também eventos para os quais desde já suponho que se justifica uma chamada de atenção.
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias de Christian Mongiu – estreia a 17 de Janeiro
Coeurs de Alain Resnais
Three Times de Hou Hsiao-Hsien
I’m Not There de Todd Haynes – 7 de Fevereiro
There Will Be Blood de Paul Thomas Anderson– 14 de Fevereiro
No Country For Old Men de Joel e Ethan Coen– 28 de Fevereiro
Ne touchez pas la hache de Jacques Rivette
Les Amours d’Astrée et de Céladon de Eric Rohmer
Election de Johnnie To (e tanto melhor se também houver Election 2)
Histórias do Cinema por si próprio – Culturgest, 23 a 27 de Janeiro
Ensaios e documentários numa proposta de introdução à cada vez mais fértil e insistente reflexão cinematográfica sobre a própria História do Cinema, programada por Ricardo Matos Cabos. Não faltam os Morceaux choisies das Histoire(s) du Cinéma de Godard, mas o destaque é seguramente o conjunto de filmes do alemão Hartmut Bitomsky.
Jacques Rivette – Cinemateca, Fevereiro/Março
“La Religieuse”
“Il était temps”, exclamou o mestre de cerimónias da sessão de encerramento do Festival de Cannes de 1991, Fredéric Mitterand, quando foi anunciado o Grande Prémio do Júri para La Belle Noiseuse. Era também mais que tempo de haver uma integral de Rivette, tanto mais que em Portugal houve um desfasamento: uma integral na Gulbenkian em 77, e depois estreias regulares desde O Bando das Quatro em 89, sendo que muitos dos que têm vindo a seguir recentemente a obra deste grande cineasta (um dos maiores) não tiveram oportunidade de conhecer os filmes dos anos 60/70, como La Religeuse, que à época foi alvo de polémica interdição em França, e um razoável sucesso em Portugal depois do 25 de Abril.
Mikio Naruse – Cinemateca, Março/Abril
“Nuvens Flutuantes”
E “enfim” também! O dito “quarto grande do cinema japonês”, ao lado de Mizoguchi, Ozu, e Kurosawa, de facto entre Migozuchi, enquanto sensibilissimo retratista, outro grande “cineasta de mulheres”, e Ozu, pela aparente lisura das superfícies. É autor nomeadamente de dois filmes sublimes, Nuvens Flutuantes e Quando uma Mulher Sobe as Escadas.
Anos 60 – Cinemateca , Maio/Junho/Julho e Setembro
“Os Amores de uma Loura” de Milos Forman
A mega-retrospectiva do ano, regresso outra vez à década prodigiosa dos “novos cinemas”, só que com um panorama bem mais lato, não cingido à presença recorrente da “nouvelle vague” francesa, e abrindo até para possíveis contrapontos mais comerciais. Será ocasião, espera-se, para propôr de novo também a visão de algumas das mais significativas obras dos “novos cinemas” de leste, nomeadamente polaco e checo (Milos Forman e outros), ou do “cinema do degelo” krutscheviano, em que o diamante foi no entanto proíbido, o maravilhoso A Felicidade de Ássia de Andrei Konchalovski.
Autobiografias/Autoficções – Culturgest, Maio
“My Ain Folk” de Bill Douglas
Fique antes de mais claro que estra proposta é de minha responsabilidade, prosseguindo num eixo de recriação ficional o trabalho em torno da enunciação do “Eu” em cinema, na sequência do ciclo retrospectivo sobre “Diários e Autoretratos” no último DocLisboa. A incidência é em quatro autores, dos que mais insistentemente tomaram a vivência pessoal como matéria do seu cinema, Bill Douglas, Terence Davies, Marta Mészàros e Chantal Akerman. Além do mais, acho especialmente importante descobrir a “Trilogia de Bill Douglas”.
Jonas Mekas – Cinemateca, Junho
Evidentemente, o grande mestre da “autobiografia” cinematográfica, mesmo o autor que deu corpo a essa vertente. Mas, mais latamente, Jonas Mekas, personalidade das mais importantes da arte cinematográfica, é por excelência um “homem da câmara da filmar”, prodigioso compilador da história de cenas sociais e culturais ao longo de décadas, aquele que deu um outro e radical sentido à noção de “cinema pessoal”.
E, como não podia deixar de ser, os encontros obrigatórios,